6
Leonardo ainda estava sentado no saguão do hotel, saboreando um copo de uísque.
O encontro inesperado com Olga havia despertado nele tudo o que ele havia tentado esquecer. O mais terrível era saber que Lisa o esperava, mas ele não tinha a menor vontade de voltar para ela.
De repente, ouviu passos atrás de si.
Ele se virou e viu Olga, parada como se tivesse sido pega no flagra.
Com um gesto, Leonardo convidou sua ex-esposa a se sentar ao seu lado. Ele já estava bastante bêbado e a figura de Olga lhe parecia um pouco embaçada, mas ele tentava manter o controle.
Ela se sentou em frente a ele, cruzando as pernas. Olhando para Leonardo com seus grandes olhos azuis, Olga percebeu que aquele homem fazia seu coração bater mais forte novamente.
Leonardo, por outro lado, tentava a todo custo manter o controle.
"Um homem adulto, e ainda assim! O que você pensa em oferecer a ela? Sua vida agitada de sempre, as viagens, e agora horários que não coincidem?! E quem disse que ela está aqui por isso? Deixa pra lá..."
Os pensamentos de Leonardo foram bruscamente interrompidos por Olga, que se aproximou decidida, levantando seu queixo. Olhando para ele com uma mistura de curiosidade e desejo, ela indicou com um gesto a escada que levava ao seu quarto.
Leonardo entendeu sem precisar de palavras. Abraçando Olga pela cintura, ele seguiu cambaleando em direção ao corredor.
Quando a porta se fechou atrás deles, Olga se virou de repente e o beijou com paixão.
– O que estamos esperando? – sussurrou no ouvido do ex-marido enquanto tirava o vestido. À luz da lua, a silhueta de Olga era fascinante…
– Vem pra mim... minha... – sussurrou Leonardo, e naquele instante gemeu com as carícias da ex-esposa. Olga parecia completamente feliz… sem falar de Leonardo…
Mais tarde, deitados na cama como duas estrelas-do-mar, os ex-cônjuges olhavam para o teto:
– Leo, preciso te confessar uma coisa…
– O que, querida?
– Bem… então…
Leonardo se apoiou em um cotovelo e olhou atentamente para a ex-esposa:
– Tem algo errado?
– Um filho…
– O que tem?
– Não me interrompe… então, eu realmente achava que fosse do Enzo… mas…
Leonardo a olhava com os olhos arregalados:
– Continua…
– Bem, não é dele.
Leonardo começava a se irritar com a lentidão com que Olga falava. Ele estava furioso, sem entender o que ela queria dizer.
– Olga, eu não estou entendendo nada. Eu mal tinha me acalmado, superei tudo, e agora? O que você está tentando dizer?!
– Ele é seu filho!
Um silêncio pesado caiu sobre o quarto. Leonardo exalou lentamente e olhou para Olga com surpresa:
– O QUÊ?
– Eu também fiquei chocada. Eu tinha certeza de que fosse dele! Mas quando ele nasceu, vi que tinha os olhos bem escuros! Exatamente como os seus!
– E você ficou em silêncio todo esse tempo?! Você ficou louca?!
– Você nunca teria acreditado em mim – suspirou Olga, abaixando a cabeça ruiva sobre os joelhos.
– Você entende que precisamos buscar essa criança imediatamente? Agora mesmo!
Ele mal podia esperar para conhecer seu filho. Por anos, Leonardo havia tentado aceitar o destino que o privara da possibilidade de ter filhos – e agora descobria que já era pai há vários anos!
– Calma, por favor – riu Olga –, precisamos pelo menos dormir um pouco.
– Tá bom, tá bom – resmungou Leonardo –, mas me mostra pelo menos uma foto! Sua louca!
Levantando-se elegantemente da cama, Olga procurou em sua bolsa, e após alguns minutos, Leonardo já estava olhando a foto de seu filho.
– Não acredito! – exclamou –, por que você não me disse antes?! Oh, Olga!
Ele se levantou e a rodopiou pelo quarto, abraçando-a cada vez mais forte.
7
Na manhã seguinte, Leonardo acordou muito cedo. As lembranças da noite anterior lhe traziam uma agradável sensação de calor por todo o corpo. Através da enorme janela panorâmica, os primeiros raios de sol iluminavam o amplo quarto onde Olga estava hospedada.
Ele já sabia que não voltaria para Lisa. Sentia um profundo desgosto ao perceber que, depois de tantos anos, nada havia mudado. Mas a realidade era que ele não conseguia mais resistir a si mesmo. Não lhe importava mais a traição de sua ex-mulher ou o estilo de vida que ela levava antes do encontro na noite anterior. Agora ele desejava apenas uma coisa: estar novamente ao lado daquela mulher.
Leonardo pegou o telefone do bolso e discou o número familiar de cor.
Enquanto isso, Lisa estava sentada na cozinha tomando seu café da manhã. Folheando as notícias do dia, mal percebeu que Leonardo não ligava há alguns dias. Com surpresa, Lisa se deu conta de que, desde que ele havia partido para a viagem de negócios, ela se sentia incrivelmente tranquila.
De repente, o celular vibrou e o nome "Leo" apareceu na tela.
"Bem, aí está você... agora ou nunca."
– Bom dia... – a voz de Leonardo era séria, – Lisa, eu queria...
– Leonardo, – ela o interrompeu, – sei que vai soar estranho vindo de mim... mas... bem, eu quero terminar. Pensei muito nesses dias... e... não está funcionando entre nós, e você sabe disso. Faz muito tempo que não funciona... estou cansada, Leo. Desculpa. Vou enviar suas coisas para casa. Não venha. Desculpa...
Com essas palavras, Lisa desligou e apagou o telefone. Esse foi o último contato deles.
Chocado com a notícia repentina, Leonardo ficou parado olhando para a tela do telefone. Ele não conseguia entender se era uma piada ou uma coincidência incrivelmente afortunada.
Depois de se recompor, voltou ao quarto.
Na verdade, não lhe importava se Olga aceitaria ficar com ele novamente ou se eles continuariam apenas como amantes – o importante era que ela estivesse novamente ao seu lado.
Olga era perfeita para os seus desejos. Com ela, sempre havia a sensação de que ele poderia perder algo, sempre o medo de que um movimento errado pudesse afastá-la. Por isso, ela despertava nele uma vontade incessante de provar seu valor e mantê-la por perto, vez após vez.
No fundo de sua mente, Leonardo sabia o quão patético poderia parecer aos olhos de sua amada, mas ele não se importava.
Olga já havia acordado e estava sentada à janela, contemplando a beleza da cidade pela manhã. Ao notar Leonardo entrando, ela se levantou para se aproximar dele.
– Bom dia, – ela sorriu maliciosamente, roçando os lábios em sua bochecha. Ele segurou sua mão e a beijou com sentimento, olhando diretamente em seus olhos.
– Você está agindo de um jeito estranho, – disse Olga com desconfiança, observando o ex-marido, – aconteceu alguma coisa?
– Sim, – Leonardo assentiu, ajoelhando-se, – aconteceu que eu realmente quero tentar tudo de novo. Com você. E com nosso filho.
Pensativa, Olga rememorava os eventos dos últimos dias.
– Leonardo… entendo que a noite passada tenha te abalado, mas… você tem certeza?
Com essas palavras, ela se aproximou de Leonardo e, olhando intensamente, o fitou nos olhos.
Daquele olhar penetrante, Leonardo se sentiu confuso. Ele lambeu os lábios, respirando pesadamente e mal acreditando que sua amada havia acabado de lhe dar novamente o consentimento para um futuro juntos… Contudo, pensando no filho, todas as dúvidas desapareceram.
– Tenho certeza. – e dessa vez, nem um músculo de seu rosto se moveu. – Vamos!
– Não tenha pressa, – Olga acariciou suavemente sua bochecha: "O Fabio está bem, ele está com meus pais. Ele está absolutamente feliz e tranquilo. Eu preciso preparar eles para a nossa chegada."
8
Logo o casal voltou para a sua cidade.
Lisa não havia mentido: as coisas de Leonardo o esperavam na sua casa, cuidadosamente embaladas e enviadas pela ex-namorada.
– Estou feliz por estar aqui novamente… disse Olga. Após uma pausa, acrescentou: «Estar aqui com você.»
Leonardo a olhou com um sorriso de gratidão, estreitando seus olhos castanhos de prazer por tê-la ao seu lado.
Leonardo sentiu uma sensação há muito esquecida, um sentimento intenso no peito. Como se não houvesse traições, nem divórcios. Como se eles tivessem se mudado para aquela casa apenas ontem.
– Vou tomar um banho! – ouviu-se do banheiro.
Leonardo estava perto da janela, olhando para o jardim. Até pouco tempo atrás, ele estava pensando em se mudar, mas com o retorno de Olga, essa ideia foi imediatamente descartada.
Ele decidiu se juntar à sua amada.
Abrindo a porta do banheiro, ele se apoiou no batente, admirando a cena diante dele.
Olga estava sob o jato de água quente, enxaguando o xampu dos cabelos. Ao notar que estava sendo observada, fez um gesto convidando-o a se juntar a ela.
Envolvendo-se nos braços da mulher que amava, Leonardo sentiu pela primeira vez em muitos anos algo parecido com euforia – e agora queria prolongar essa sensação o máximo possível.
Ele a abraçou suavemente por trás, beijando seus ombros e olhando languidamente para o reflexo dela no espelho.
– Como você é linda… – sussurrou Olga suavemente, que então se virou para agradecer a Leonardo com um beijo apaixonado.
Coberta de beijos em cada centímetro do seu corpo, ela voltou a sentir uma felicidade indescritível.
9
Leonardo continuava a trabalhar muito e mal conseguia dormir antes de enfrentar outro dia intenso.
O trabalho era pesado, mas agora tudo tinha um novo significado.
Quando Olga acordava, Leonardo já estava pronto para sair de casa.
– Onde você vai tão cedo?
– Escuta, – disse ele, servindo-lhe um café, – que tal irmos buscar o Fabio hoje? Entendo que ele já se acostumou a ficar com seus pais, mas não acha que ele estaria melhor com a gente?
– Você tem razão, já deveríamos ter feito isso há algum tempo.
Logo em seguida, Olga já estava discando o número familiar. Do outro lado, o telefone não tocou por muito tempo:
– Alô?
– Mamãe, querida, como vocês estão? – cantou Olga.
– Querida! Está tudo bem. E você? Como vai o trabalho? Quando vem nos visitar?
– Mãe, podemos ir aí hoje à noite? – abaixou o tom e quase sussurrou: «Não estarei sozinha.»
– Sério? E com quem? – surpreendeu-se a mãe do outro lado da linha.
– Ah, mãe, – Olga acendeu um cigarro e soltou anéis de fumaça, – eu e o Leonardo voltamos.
– Olga! – exclamou a mãe, rindo, – Fico feliz que você tenha mudado de ideia. Sempre te disse que o Leonardo é um bom homem, você sabe disso.
Leonardo tinha grande respeito pelos pais da sua amada, e o sentimento era recíproco. Ele estava tão feliz por ter reconstruído sua família que era difícil expressar em palavras.
Uma hora depois, ele tirou sua nova Maserati da garagem.
A viagem seria longa. Mas, uma vez decidido que partiriam naquele dia e com os parentes avisados, não havia como voltar atrás.
Após colocar as malas no banco de trás, Olga sentou-se satisfeita no banco da frente.
Durante o caminho para a casa dos pais, ela conversava sem parar, distraindo Leonardo de vez em quando, mas à noite finalmente chegaram ao destino e, cansados, mas felizes, pararam em frente ao portão da casa dos pais de Olga.
Notando algum movimento perto da cerca, um garoto de nove anos, de cabelos cacheados, olhou surpreso para o escuro. Olhando para a avó com seus enormes olhos quase negros – exatamente como os de seu pai! – ele perguntou timidamente:
– Vovó! O que é isso?
A avó olhou pela janela e piscou para o neto:
– É uma surpresa, Fabio. Vista-se rápido, vamos!
Quando saíram para o quintal, Fabio correu feliz para os braços abertos de Olga:
– Mamãe! Mamãe chegou!
Olga apertou seu filho em um abraço. Eles não se viam há tanto tempo! Discretamente, ela enxugava as lágrimas que quase caíam.
10
A noite já havia passado há algumas horas.
A família estava reunida em torno de uma grande mesa.
Fabio observava o pai com curiosidade. Era tão inesperado que ele tivesse vindo com a mãe. Fabio nunca o tinha visto antes e se maravilhava com a semelhança entre eles. Dentro de si, sentia sentimentos conflitantes: a alegria pela chegada do pai e o ressentimento por ele não ter estado com ele todo esse tempo. O garoto via o quanto a mãe estava feliz e se convencia de que tudo iria ficar bem.
No dia seguinte, Leonardo deu uma passada no seu quarto e se apoiou na soleira da porta.
— Olá, filho!
Fabio olhava para Leonardo com olhos arregalados e, naquele momento, se sentia completamente feliz. Em um instante, ele havia encontrado uma família inteira.
— Bem, depois de amanhã, voltamos todos e três para a cidade. Nós três juntos — com essas palavras, ela apertou seu adorado filho contra o peito e começou a cobri-lo de beijos na cabeça.
O menino, entusiasmado, pulou para fora das cobertas e começou a pular na cama.
Leonardo olhava pela janela e pensava que estava fazendo a coisa certa. Mais uma vez agradecia às forças superiores por aquele encontro inesperado com Olga, que havia virado sua vida de cabeça para baixo.
11
Leonardo caminhava e... pensava em Lisa.
Pegou o celular do bolso e discou de memória o número de casa.
Depois de alguns toques, ouviu:
— Alô? Leonardo?
— Ouça... perdoe-me, por favor. Não, espere, não me interrompa... sei que sempre foi difícil entre nós... e... por que se torturar...
— Mas eu não me torturo, por que diz isso?
— Sério?
— Sério, Leo. Como você está?
— Voltei com Olga — respondeu ele, quase como um relatório.
Lisa se aproximou da janela e sorriu:
— Fico tão feliz em ouvir isso! Diga-me, agora você está feliz?
— Imensamente! — exclamou Leonardo, — ouça, realmente, o que está acontecendo entre nós agora é uma espécie de magia...
Lisa?
Mas, em resposta, ouviu apenas o sinal de chamada interrompida e olhou surpreso para a tela apagada do celular.
Enquanto isso, Lisa sussurrava novamente uma oração com os lábios, para que o homem que amava finalmente fosse feliz.
Como fazia há tantos anos.




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